Muitas vezes, as melhores coisas da vida acontecem por acaso. Para Hélio Ramos, professor da eletiva de biologia da PEI Brisabella de Almeida Nobre, em São Paulo, a chance de transformar vidas através da docência veio quando ele menos pensava.
Formado em biologia e especializado em direito ambiental e pedagogia, Helio era apenas um estudante aplicado quando, na graduação de biologia em São Paulo, teve a chance de comandar algumas aulas como substituto. “O professor de anatomia ficou doente e não veio ninguém para substituir. O tempo foi passando e como eu já tinha visto o conteúdo da aula, comecei a passar o conteúdo para meus colegas”, conta Helio.
Os planos de seguir carreira em pesquisa foram por água abaixo. Helio deu aulas em diversos institutos privados até chegar à rede estadual em 1991. “Minha maior experiência foi dar aula na escola estadual. Pude desenvolver meus projetos e também experimentar um estilo diferente de ensino com os alunos”, conta.
Estilo esse que esteve à frente de seu tempo. Por ter sido um aluno diferente, mais aplicado, Hélio sempre acreditou numa relação diferente com o aluno, baseada na liberdade e na autonomia de decisão do jovem. “Acredito que o olhar do professor deve ser voltado para a troca. O professor não é melhor do que o aluno. Ele aprende com o aluno. Dar aulas é somar para nossa vida”, reflete.
O estilo gerou estranheza no início. “Tive uma diretora que disse que se espantou com o quanto eu dava liberdade para a turma, mas depois entendeu que era isso que fazia eles se encantarem pela aula”, explica. Com aulas interativas, que visam usa todo o espaço da sala de aula e muitas vezes acontecem em outros espaços, Helio muda relações e aposta em um outro tipo de relação entre professor e aluno.
Para Rossieli Soares, secretário da educação, professores com esse espírito de mudança são fundamentais para a rede. “O foco do ensino é o professor, a rede precisa estar concatenada com eles. O professor hoje é um tutor do conhecimento, não mais apenas um transmissor”, explica.
Hélio concorda. E insiste em seu jeito diferente de ensinar. “Meu lema é a fase do Aquimedes: brincar é condição fundamental para ser sério”, finaliza.